A ARTE DA FALA

Existe um certo mistério no que toca à arte da fala, da comunicação. A forma como nos expressamos para com os outros é, de todo, uma arte a ser explorada, trabalhada e refinada. Afinal, a fala sustem as relações entre as pessoas.

Sabemos o significado das palavras, sabemos juntar palavras e construir frases mas saberemos realmente falar? Falar não é mais do que saber ouvir. Acredito estarmos a entrar numa fase em que as pessoas deixaram de saber comunicar, deixaram de saber cativar. Falar não é mais que dançar, a graciosidade dos gestos que ondulam em combinações harmoniosas, caóticas, lentas e demoradas, rápidas e vibrantes. Falar é tocar notas em contratempo, é o ajuste do corpo à harmonia sincopada. Falar é mais do que debitar palavras, umas a seguir às outras, vómitos de nada, dejectos inúteis.

Coexistir no mundo das palavras não é fácil. Vem-me à cabeça a imagem de mil palavras empoleiradas no meio de pessoas. Os gestos que cada pessoa faz para reunir entre elas um consenso. A dança de corpos e contra corpos em busca de algo, os rituais de acasalamento dos animais, a concisa melodia dos pássaros num embalo matinal. E no final, quando todas as palavras foram usadas aparece a arte do silêncio...

LOVE ME LOVE ME NOT

- Gosto de ti.
- Eu também gosto de ti.
- Então porque é que não gostas de mim?
- Porque não gosto de ti da mesma maneira que tu gostas de mim.

UM POUCO DE TUDO

Nunca sentimos tudo ao mesmo tempo, vamos sentindo
Porque o tudo que sentimos deixa margem de manobra para sentirmos mais um pouco
Se tudo estivesse na balança não sobraria nada
Assim sentir tudo é sentir um pouco de tudo
E um pouco não é tudo
É um pouco