RIO DAS PÉROLAS

A chuva tardou a chegar. Entrou ao de leve, à noite, pela calada, como se não fosse seu intuito que déssemos por ela. Abro a janela de manhã, já o piso está molhado, o cheiro húmido e abafado, o céu cinzento. A chuva veio para limpar o dia de ontem. A chuva veio para disfarçar a agressividade embutida nos sentimentos. A chuva veio chorar por aqueles que não choram, não vertem lágrimas, não sentem. Tu morreste e eu morri um pouco contigo meu avô. Se ao menos me tivesses contado a tua versão da tua história...

“Nos silêncios de amanhã
fiarão na distância
os ecos longínquos
deste Rio de Pérolas”

José Silveira Machado
(1918 - 2007)

1 comentário:

Graduated Fool disse...

Sinto-me sempre impotente, atrapalhado, engasgado, atarantado, entristecido, muito entristecido, nestes momentos. Nunca sei o que dizer, como dizer, o que fazer.
Se tento divertir, se tento mudar de assunto, se falo nisso, não sei.
Não sei se ajudei ou ajudo mas estou aqui.