Acção passada sexta-feira dia 20 de Agosto de 1999
Quando Rita resolveu dar uma festa na casa de praia porque é giro dar festas
Rita tinha doutoramento em comportamento de anfitriã. Ninguém melhor do que ela para planear, organizar e gerir uma festa. Era incansável a sua constante atenção aos pormenores e ao bem estar de todos os seus convidados. A única pessoa de quem ela sempre se esquecia era da sua filha Maria, contando sempre com a presença de Filipe para lhe fazer “babysiting”. Mas naquele fim de semana Filipe ficou em casa doente deixando assim Maria desamparada no fantástico universo de Rita.
Maria apreciava de longe a sua mãe em acção. Com um copo de vinho na mão tentava ganhar as forças suficientes para aguentar até domingo à tarde, dia em que regressariam de novo às suas vidas citadinas. Maria só conseguia pensar no ódio que tinha ao seu carro que constantemente ia parar à oficina. E quanto mais bêbeda ficava mais vontade tinha de fumar, mas era melhor não o fazer ou então aí é que o fim-de-semana tornar-se-ia num inferno. Se havia coisa da qual a mamã Rita fervia em pouca água era em ver a sua filha fumar – A Maria não sabe o quão desagradável é vê-la fumar. Onde é que estes jovens têm a cabeça? A menina não vê que até lhe fica mal... – e discursos destes repetiam-se vezes sem conta. E não tardou a que Rita viesse ao seu encontro.
- A menina tá a fazer o quê aqui a um canto? Vá pó meio das pessoas e socialize. Tá triste por o Filipe não ter vindo? As pessoas também têm o direito de ficar doentes. Sabe quem tá cá? O António, o actor, filho dos Quintas. Ele tem a sua idade, porque é que não vai falar com ele.
- É assim tão chato que eu fique aqui no meu canto?
- Ai Maria, Maria você tem tanto que aprender! Ou a menina acha que a mamã chegou a algum lado a ficar quieta no canto? Mas você é que sabe, a vida é sua. Agora se não se importa a mamã vai circular e você meta um sorriso nessa cara. – E passados nem dois segundos já Rita estava em grandes conversetas com a tia Leonor e a cunhada Becas gesticulando muito como se estivesse num espectáculo de pantomima.
Maria voltou-se para o parapeito da varanda e ficou a olhar as ondas a bater na praia. O som do mar levava-a a viajar para fora daquele mundo em que a sua mãe julgava ter um papel importantíssimo mas, apesar de tudo, Maria adorava a sua mãe quando em estado normal.
- Queres um cigarro? – disse a pessoa que se tinha colocado ao seu lado a ver o mar expelindo o fumo do seu cigarro. – Pareces um bocado tensa?
Quando Maria viu quem era até se passou – Não foi a minha mãe que te mandou vir cá pois não? É que não tenho nada para te dizer e muito menos me interessa fazer conversa de ocasião.
– Tirou um cigarro do maço que ele lhe estendia. – Tens lume?
Quando Rita resolveu dar uma festa na casa de praia porque é giro dar festas
Rita tinha doutoramento em comportamento de anfitriã. Ninguém melhor do que ela para planear, organizar e gerir uma festa. Era incansável a sua constante atenção aos pormenores e ao bem estar de todos os seus convidados. A única pessoa de quem ela sempre se esquecia era da sua filha Maria, contando sempre com a presença de Filipe para lhe fazer “babysiting”. Mas naquele fim de semana Filipe ficou em casa doente deixando assim Maria desamparada no fantástico universo de Rita.
Maria apreciava de longe a sua mãe em acção. Com um copo de vinho na mão tentava ganhar as forças suficientes para aguentar até domingo à tarde, dia em que regressariam de novo às suas vidas citadinas. Maria só conseguia pensar no ódio que tinha ao seu carro que constantemente ia parar à oficina. E quanto mais bêbeda ficava mais vontade tinha de fumar, mas era melhor não o fazer ou então aí é que o fim-de-semana tornar-se-ia num inferno. Se havia coisa da qual a mamã Rita fervia em pouca água era em ver a sua filha fumar – A Maria não sabe o quão desagradável é vê-la fumar. Onde é que estes jovens têm a cabeça? A menina não vê que até lhe fica mal... – e discursos destes repetiam-se vezes sem conta. E não tardou a que Rita viesse ao seu encontro.
- A menina tá a fazer o quê aqui a um canto? Vá pó meio das pessoas e socialize. Tá triste por o Filipe não ter vindo? As pessoas também têm o direito de ficar doentes. Sabe quem tá cá? O António, o actor, filho dos Quintas. Ele tem a sua idade, porque é que não vai falar com ele.
- É assim tão chato que eu fique aqui no meu canto?
- Ai Maria, Maria você tem tanto que aprender! Ou a menina acha que a mamã chegou a algum lado a ficar quieta no canto? Mas você é que sabe, a vida é sua. Agora se não se importa a mamã vai circular e você meta um sorriso nessa cara. – E passados nem dois segundos já Rita estava em grandes conversetas com a tia Leonor e a cunhada Becas gesticulando muito como se estivesse num espectáculo de pantomima.
Maria voltou-se para o parapeito da varanda e ficou a olhar as ondas a bater na praia. O som do mar levava-a a viajar para fora daquele mundo em que a sua mãe julgava ter um papel importantíssimo mas, apesar de tudo, Maria adorava a sua mãe quando em estado normal.
- Queres um cigarro? – disse a pessoa que se tinha colocado ao seu lado a ver o mar expelindo o fumo do seu cigarro. – Pareces um bocado tensa?
Quando Maria viu quem era até se passou – Não foi a minha mãe que te mandou vir cá pois não? É que não tenho nada para te dizer e muito menos me interessa fazer conversa de ocasião.
– Tirou um cigarro do maço que ele lhe estendia. – Tens lume?
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