FALHADO

Quando a festa acabava, a audiência já havia rido tudo, ele voltava para o camarim, tirava a maquilhagem e o que restava do palhaço? Apenas um fato vazio! Ele era o falhado. Que triste e pobre cara. Tentava ser feliz enquanto cantava os seus musicais favoritos, imaginando toda a gente à sua volta a dançar e a cantar com ele, mas no fim do dia, quando chegava a casa, deitava-se sozinho na sua cama. O silêncio era mortal. As noites eram solitárias, os dias eram ermos. Fechava os olhos e só aí encontrava a paz, nos rocambolescos sonhos e nas imaginárias viagens ao mundo do subconsciente. Era aí que existia na sua plenitude, longe dos olhares, das acusações, das insinuações, longe do que o fazia sofrer enquanto acordado. Ali já ninguém se ria de si mas consigo. Ali era tudo tão mais fácil. O mundo parecia mais belo, mais colorido, mais chamativo. E quando acordava não deixava de pensar no falhado que era. Só lhe apetecia chorar, mas nem uma lágrima conseguia verter. Era demasiado penoso, pesaroso, castigado. Estaria a tornar-se numa triste figura? Toda a força interior não era mais do que um refúgio, mas era a única coisa que o permitia a avançar. Não fosse ela e estaria largado num canto qualquer. Olhou-se ao espelho e viu reflectido no armário o fato vazio. E o seu interior apertou-se e o corpo contorceu-se. E ali estava a sua imagem... a imagem de um falhado.

2 comentários:

Anónimo disse...

sabes q serei sempre akela tua mulher que acredita sempre em ti. ainda q nao concorde, acredito nakilo q tu acreditas!
amo-te

margarida disse...

Falo por mim: quando olho para ti tenho sempre aquela imagem de alguém maior que a vida, maior que os outros (aqueles que com acções ou palavras nos diminuem), quando penso em ti, penso como seria fantástico ser sempre assim, cabeça erguida, ombros pra trás e um orgulho próprio merecido.
Espero que saibas que provavelmente nao sou a única que te vê deste modo, e que te acha simplesmente....maravilhoso.
Quando precisares já sabes... pede um abraço...adoro-te!