MITOS E FACTOS

- De que se trata tudo isto afinal? Onde pretendemos chegar? Qual o propósito das coisas? De estar vivo? De existir? De ter um corpo, uma cabeça, braços, pernas? Qual o propósito de pensar? Para que teremos pensamentos se não os podemos pensar? Para que teremos uma vida se não a podemos viver, se a enchemos de regras e mentiras? E porque é que é tão difícil viver com a verdade? Com a nossa verdade? Com a verdade dos outros?

Existiam momentos da vida em que a sua cabeça enchia-se de questões impertinentemente pertinentes. E este era um deles. Momentos em que levava um abanão, em que tornava-se necessário repensar a si mesmo, repensar o mundo, repensar a vida. Encontrar um significado fabuloso para tudo. Mais um que iria juntar ao baú dos significados. Mas um para conseguir tolerar mais uns anos de vida. Ele não era uma pessoa negativa. Ele era uma pessoa até extremamente positiva, confiante de si mesmo, um pouco egocêntrica e narcisista, e encontrava sempre um ângulo para ver o lado positivo das coisas. Contudo, tinha ido longe de mais. Tinha ultrapassado os seus próprios limites. E o que era errado parecia certo e o que era certo parecia errado. Apercebeu-se não tratar-se da verdade mas sim de factos. Tudo se resumia a factos. O que era e o que não era. O que havia sido feito e o que não havia sido feito. E esses factos iam tanger a sua realidade, a sua vida, a sua história.

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