Acção passada sábado dia 28 de Abril de 2012
Quando António tenta mais uma vez ligar para Filipe
- O número que marcou não está disponível, deixe uma mensagem após o sinal.
- Filipe é o António. Já se passou um mês e ainda não deste notícias. Podias ao menos mandar uma sms a dizer que não queres falar, ao menos saberia que estavas vivo. É claro que eu sei que estás vivo, mais não seja porque a tua madrasta ainda se preocupa contigo e, acho eu, que comigo. A sério Filipe, porque é que fizeste isto? O que é que te deu para saíres de casa sem aviso? As coisas estavam a correr tão bem, agora mais do que nunca. Foi um golpe muito baixo da tua parte. Eu amo-te tanto e fazes tanta falta. Nada é o mesmo sem ti. Este mês tem sido de uma solidão como tu não podes imaginar. Mesmo que tenha uma vida e um mundo à minha volta, nada faz sentido se tu não estás. Talvez seja o hábito – podes tu dizer – mas eu digo que é o amor. Tudo o que fizemos juntos, tudo o que construímos, onze anos e meio lado a lado e desapareces sem uma justificação. Tu não sabes o sofrimento pelo qual estou a passar. Dói levantar-me todos os dias e saber que não estás cá, que não vou poder beijar-te e sentir o teu cheiro. Fazes-me falta. Merda para tudo isto. Diz qualquer coisa, qualquer coisa que seja. Aparece cá em casa para conversar-mos, preciso ver-te, saber que estás bem. Não me faças isto, não desta maneira. Um beijo com muito amor.
Desligou o telemóvel e poisou-o na secretária. Deixou-se ficar deitado no sofá do escritório. A sua vida estava a deixar de fazer sentido. Com quarenta e um anos viu tudo ir abaixo, todos os sonhos, todas as histórias montadas na sua cabeça. Depois de ter conhecido Filipe a sua vida mudara radicalmente. Saltando de ideais em ideais nunca nada era certo com ele. E foi nesta mutação constante que aprendeu a ser feliz, mesmo que tendo de mudar em muito as suas visões do mundo e do amor. Filipe fê-lo acreditar que o amor estava para lá de quaisquer regras ou limites, que o amor era algo transcendente ao entendimento humano, que o ser humano se impunha a regras desnecessárias, que muitas das vezes sofria por opção. E agora Filipe tinha ido embora.
Passada uma hora o telemóvel de António apitou com um aviso de mensagem:
Desculpa mas não quero falar.
Quando António tenta mais uma vez ligar para Filipe
- O número que marcou não está disponível, deixe uma mensagem após o sinal.
- Filipe é o António. Já se passou um mês e ainda não deste notícias. Podias ao menos mandar uma sms a dizer que não queres falar, ao menos saberia que estavas vivo. É claro que eu sei que estás vivo, mais não seja porque a tua madrasta ainda se preocupa contigo e, acho eu, que comigo. A sério Filipe, porque é que fizeste isto? O que é que te deu para saíres de casa sem aviso? As coisas estavam a correr tão bem, agora mais do que nunca. Foi um golpe muito baixo da tua parte. Eu amo-te tanto e fazes tanta falta. Nada é o mesmo sem ti. Este mês tem sido de uma solidão como tu não podes imaginar. Mesmo que tenha uma vida e um mundo à minha volta, nada faz sentido se tu não estás. Talvez seja o hábito – podes tu dizer – mas eu digo que é o amor. Tudo o que fizemos juntos, tudo o que construímos, onze anos e meio lado a lado e desapareces sem uma justificação. Tu não sabes o sofrimento pelo qual estou a passar. Dói levantar-me todos os dias e saber que não estás cá, que não vou poder beijar-te e sentir o teu cheiro. Fazes-me falta. Merda para tudo isto. Diz qualquer coisa, qualquer coisa que seja. Aparece cá em casa para conversar-mos, preciso ver-te, saber que estás bem. Não me faças isto, não desta maneira. Um beijo com muito amor.
Desligou o telemóvel e poisou-o na secretária. Deixou-se ficar deitado no sofá do escritório. A sua vida estava a deixar de fazer sentido. Com quarenta e um anos viu tudo ir abaixo, todos os sonhos, todas as histórias montadas na sua cabeça. Depois de ter conhecido Filipe a sua vida mudara radicalmente. Saltando de ideais em ideais nunca nada era certo com ele. E foi nesta mutação constante que aprendeu a ser feliz, mesmo que tendo de mudar em muito as suas visões do mundo e do amor. Filipe fê-lo acreditar que o amor estava para lá de quaisquer regras ou limites, que o amor era algo transcendente ao entendimento humano, que o ser humano se impunha a regras desnecessárias, que muitas das vezes sofria por opção. E agora Filipe tinha ido embora.
Passada uma hora o telemóvel de António apitou com um aviso de mensagem:
Desculpa mas não quero falar.
5 comentários:
Já há uns temposque visito regularmente o teu blog, mas raras têm sido as vezes que tenho escrito algum comentário, umas por preguiça, outras por não me apetecer e outras por não saber o que dizer. Hoje enquadro-me [novamente] na última situação, mas por ter gostado tanto do texto decidi partilhar o que me passava pela cabeça.
Abraço e excelente texto.
Olá mikael e obrigado pelo comentário. Eu confesso que eu próprio visito muitos blogs e raramente deixo comentários. Só mesmo quando sinto a necessidade ou quando vou acrescentar alguma coisa. Um abraço, bom fim-de-semana e obrigado por partilhares o que te passa na cabeça.
É angustiante ler este texto. O desespero dele ao telefone a precisar de respostas é angustiante.
Certamente o Filipe não partiu por nada e perder o contacto com a pessoa que se ama é mais cedo ou mais tarde a maior dor que se pode sentir.
Maria, em relação à causa da saída de Filipe não posso revelar nada. Mas todas as coisas terão uma lógica mesmo que para alguns possa parecer absurda. Mas cada coisa a seu tempo, ainda há muito para contar.
Não tinha entendido na plenitude que os vários textos eram um história continua. De qualquer modo gosto de lê-los em separado.
Claro que certamente a causa da saída terá uma lógica, há sempre uma lógica sobretudo para quem parte, nuca se parte por nada nem por algo pouco grave e mtas vezes quem parte é até quem mais sofre pq se viu obrigado a partir.
Espero que quem partiu tenha deixado de amar o António porque duas pessoas que se amam merecem, precisam e têm que ficar juntas. Acima de tudo só assim a vida faz mais sentido.
Se partiu sem deixar de amar então é porque alguma coisa de muito grave eprovocadora de muito sofrimento terá acontecido.
Esperarei para ver o que acontece.
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