QUANDO O HOMEM TOMOU O CENTRO DAS ATENÇÕES

Da janela, o mar corrido em direcção ao outro lado, à civilização europeia. Um marco de história e cultura. E na ponta, Portugal, quase a querer fugir, afastando-se cada vez mais, deixando-se ficar para trás. E quem diria, que um dia, foram donos dos mares... navegaram pelas ondas bravias, descobriram novas terras e deram voz a vários povos ao longo do globo. E o que é feito de todos os feitos? Não passam de histórias grandiosas, de um passado inigualável, de uma realidade que não é mais a presente. Só resta a saudade... saudade de tempos gloriosos; e o fado não é mais do que mágoa. A mágoa que chora pelo que já teve, pelo que já não tem, pelo que poderia ter tido...

A Europa, regenerada pela Renascimento à cinco séculos atrás, segundo a exaltação do Homem, segundo a valorização de um ser, supostamente perfeito, é hoje o fruto de uma plantação, em tempos, gloriosa. A roda da vida... a roda da fortuna. Essa que, segundo as ciências, ditas ocultas, apresenta-se como tempos de mudança, instabilidade, ideias sem conclusão, dificuldade... Teria, então, o Homem mais valor que o Divino? Onde encontrar o equilíbrio?

Estava deitado na rede a ver o mar. O mar era a sua janela para o passado. O que encontraria quando voltasse? Teriam as paredes dos prédios novas histórias para contar? Ou apenas lhe diriam que pouco ou nada se passou? Teria sido o destino enquanto Homem ou o destino Divino a empurrá-lo para aquela viagem? Mas o que mais tentava perceber naquele momento era a natureza humana. A sua condição vs a condição dos locais. O mundo europeu vs o novo mundo. Onde existiria mais “humanidade”? Estava na altura de tirar o Homem do comando... o homem deixou de saber ser Homem.

E nas voltas das suas ideias indagou: “E se David tivesse sido esculpido vestido?”

2 comentários:

Manuel disse...

Muito bonito. Afundei-me nas tuas palavras e por momentos senti que era eu quem narrava a história.
Continua...

PS- ainda bem que David foi esculpido sem vestido...se mesmo nú existe tanta controversia quanto ás dimensões (microscópicas) do seu membro viril, se o tivesse ocultado certamente teriamos uma Humanidade por resover o complexo de Édipo.
LOLOLOLOLOL

:)

Anónimo disse...

Pedro, li e reli o teu texto... talvez o tenha que ler novamente ou mesmo, mais e mais vezes... não sei... Sinto que vives num "novo mundo" como descreves mas não te dissocias do "velho".... Comparas a Europa ao teu "novo mundo".... Podias tar logo ali na ilha europeia, e mesmo assim estarias longe do teu "velho mundo"... A essência não está no que vais encontrar ou no que está a acontecer no dia a dia dos dias que correm no "velho mundo" enquanto vives no "novo" mas antes naquilo que no novo constrói dia a dia como a tua experiência acomulada de vida.... Concentra-te nisso, foca-te por exemplo nas questões essencias que referes na tua carta no que respeitam os grandes contrates humanitários do residente e do estrageiro visitante ou até do turista.... Essas sim são consciências úteis no pensamento... O resto pensa que tomaste opções... segueas com determinação não desvalorizando no entanto aqueles seres que um dia voltaras em breve a abraçar, em breve, mesmo tão breve.... Isso é o mais valiozo! Só voltarás a abraçar quem ficou realmente!

Força e nada de amargura :)