NECESSIDADES

Mais uma vez sento-me em frente à televisão. Desta vez não trago comigo chocolates, pensei numa variante e decidi-me por um belo pote de gelado. Há momentos da nossa vida em que cometemos estas loucuras. Sempre me pergunto o que há de tão mítico nesta história dos gelados e chocolates mas, pelos vistos, encontrei o meu conforto alimentar para resolver outros males. Chocolates, gelados e as minhas quatro amigas nova-iorquinas. Estarei a ficar dominado pelo síndrome do solteiro?

É tudo uma questão de necessidades. Do que eu preciso, do que tu precisas... mas onde encontrar o espaço em que nos perguntamos: e do que precisamos nós? Isto, no caso de existir um “nós”. Talvez nunca chegaremos a saber quais são as nossas necessidades, afinal, a vida só acontece quando fazemos o que não estava nos planos. Que se lixem os dias cuidadosamente planeados, as festas que se apresentam, supostamente, “divertidas” – nunca nos vamos divertir nelas.

Se eu preciso de tempo para mim, então é porque preciso desse tempo e não de uma pressão a dizer-me que o tempo está a esgotar-se, que não há mais tempo. Talvez o tempo não exista para além do agora. O que será o tempo no momento em que não estivermos mais por aqui? Aí, dir-se-á que ele esgotou o seu tempo. Mas se eu preciso de tempo... outros precisam das palavras certas nos momentos certos. Existirão, realmente, os momentos certos? Ou estaremos perante mais um mito urbano, cinematográfico e literário? Andarei eu a dizer as coisas certas mas não nos momentos certos? Terei de responder às necessidades dos outros ao dizer-lhes aquilo que eles necessitam ouvir... ou, simplesmente, dizer aquilo que eu quero dizer, da forma que quero, sem qualquer tipo de convenções (do género: eu digo-te uma coisa bonita e tu respondes com outra).

A vida é uma grande ratoeira onde passamos o tempo a ficar presos. Será que ainda não aprendemos que um queijo numa tábua de madeira com arames é uma armadilha? Não! Entre duas pessoas as necessidades raramente são as mesmas. Se ele ao menos tivesse-me ouvido! Mas essa era a minha necessidade... não a dele...

3 comentários:

Anónimo disse...

adorei seu modo de escrever, pedroca.

aqui é a lia, que apesar de não ter conhecido você direito, divertiu-se com sua passagem aqui pelo brasil. e sente sua falta como todos.

muitos beijos e tudo de bom.

ps.: agora também tenho um blog. já até coloquei seu link nele.

peter_pina disse...

"a vida só acontece quando fazemos o que não estava nos planos"

adorei esta frase...a vida, akela bem saboreada é essa mesma e eu sinto k tu a saboreias!!!

Anónimo disse...

Parecem os meus pensamentos em relação ao meu marido.
É mto dificil o entendimento entre duas pessoas e ele mtas vezes n reage como eu queria nem eu como ele queria e isso faz sofrer de parte a parte mas sei qual é a graça qdo tudo corre bem? No fundo prefiro assim, estes dissabores mas ao lado dele.