UM ANJO E UM DEMÓNIO NO OMBRO

Toda a minha vida tenho vindo a dizer que sou má pessoa. Que coisa mais ridícula de se dizer! Mas não sou ingénuo ao ponto de afirmar que nunca magoei ninguém. Pois magoei e arrependo-me. Mas nos últimos dois anos tenho vindo a tentar mudar essa imagem que tenho de mim mesmo. E é horrível quando temos tais pensamentos sobre a nossa pessoa. Não me caía muito bem dizer-me má pessoa. Comecei então a tomar mais consciência das minhas atitudes, da forma como tratava as pessoas e de como vivia o meu dia-a-dia. Essa tomada de consciência levou-me a muitas questões, mas a principal de todas... terei eu sido, efectivamente, uma má pessoa?

Sempre fui uma pessoa forte e independente, trabalhadora e com os meus objectivos a alcançar. Para tudo isso nunca passei a perna a ninguém. Sempre me fiz valer pelo que era e nunca pelo que os outros não eram. Nunca sabotei ninguém para ser melhor. Sempre joguei um jogo integro.

No que toca às palavras sempre fui uma pessoa muito transparente. Mas essa transparência nem sempre foi bem aceite e durante uns anos, após várias criticas, tentei ser mais politicamente correcto. Aconteceu que por vezes senti-me a viver pequenas mentiras por não dizer aquilo que me ia na alma. Mas já estava no jogo social e hoje, por vezes, quero dizer o que penso e sinto-me travado pela história do “não precisas de dizer isso que não vai fazer bem à outra pessoa”. E sinto cá dentro uma raiva de mim mesmo. E por tantas coisas que não disse acabei por me tornar a pessoa “boazinha”. Acontece que isso fez com que desse abertura às outras pessoas de serem as “mazinhas”. Mas como sempre fui forte para aguentar muita coisa deixei-me ir e ouvi de tudo nos últimos tempos.

E foi aqui que me pus a pensar... as outras pessoas agora são eu. As outras pessoas, tendo oportunidade, estão a ser exactamente aquilo que eu era. Seremos então no fundo todas más pessoas à espera de uma oportunidade? Ou estaremos todos travados nas línguas de dizermos o que pensamos para não magoar até encontrar alguém forte que aguente a verdade?

Eu considero-me uma pessoa forte que aguenta essas verdades e sendo que agora até me mantenho socialmente correcto sou o alvo ideal para fazerem de mim gato sapato. Mas a verdade é que basta! Porque por mais forte que uma pessoa seja não pode deixar que lhe digam coisas e ficar a pensar: «pronto, esta pessoa precisava de dizer isto para se sentir bem e eu até me aguento». Dar esta abertura aos outros é o fim da parada. E quando dei por mim as coisas estavam a tomar um rumo muito estranho... Basta!

2 comentários:

João Roque disse...

Quem nunca passou por situações semelhantes?
Abração.

peter_pina disse...

kerido, tu sabes k ser politicamente corerecto nao é ser bonzinho, é ser hipocrita! e tb sabes k ser frontal, verdadeiro e directo como tu és nao é ser má pessoa! é seres tu mesmo! a maior parte das pessoas nao sao elas, sao a imagem de kk coisa k nao existe! vivam as pessoas reais!
beijus, adoro.te