O LAGO

Era o dia de descanso. Não haviam planos para aquele dia mas mesmo assim acordou cedo, nunca se sabe o que esperar de um dia de descanso sem planos. A manhã mal tinha começado – os primeiros raios de sol apareciam lá ao fundo, perto do lado. Sacou da máquina fotográfica e disparou. Bocejou, ainda era muito cedo. Perguntava-se porque carga de água tinha-se ele levantado àquela hora? Mas sentiu-se satisfeito por não ter perdido aquele amanhecer. Algumas nuvens encobriam o degrade que ia do laranja ao azul ainda adormecido. Lá ao fundo, o mar permanecia cadente, as ondas ritmadas, nada de novo, não estava a acontecer nada. Só mesmo ele é que estava acordado no dia de descanso. E a luz ia aumentando de intensidade. Na noite anterior havia estado a pintar, deixara-se assim pois isso relaxava-o. Fundiram-se todas as cores pelos pincéis manobrados pelas suas mãos. Umas cores mais fortes, outras pastel. Mas o traço fluía, e ele deixava-se ir.

Resolveu sair de casa, todos os preparos foram feitos, o banho gelado, a roupa lavada, o cabelo penteado. Naquele dia resolveu ir visitar o lago. O céu agora vibrava de um laranja mais intenso. Sacou de novo da máquina e fotografou. Ficava triste por a sua máquina não acompanhar todos os degrades na devida qualidade que os seus olhos viam. Caminhou durante algum tempo, mas não o suficiente para o dia ser dia. Chegou ao lago e este estava aparentemente largo. Eis quando surgiu um cisne, de plumagem branca e olhos negros. Ficou a olhar para si. Dos seus olhos escorriam lágrimas. Porque chorava o cisne? O que escondia o seu coração? Eis quando o cisne se transformou numa bela mulher.

- Esta noite vou morrer. Ainda queres saber porque choro?
- Vou ficar aqui e não permitirei que tal aconteça.
- Tu estás aí mas não estás aqui.
- “O homem destinado a morrer queimado nunca morrerá afogado”. E se o teu destino não for esse?

O dia nasceu com toda a sua força e uma luz forte invadiu o lago e a mulher voltou a ser cisne. Era o seu dia de descanso e resolveu ficar à beira do lago, à espera do que fosse acontecer. As horas foram passando e o cisne continuava no lago, a dançar de um lado para o outro. Os seus olhos foram pesando, tinha acordado deveras cedo. E pesaram tanto que adormeceu. Quando acordou deparou-se com um lago vazio, sem água nem cisne. Qual teria sido o seu destino? Se eu em vez de estar aqui, estivesse ali, pensou ele. Foi quando olhou para o céu e viu um cisne de plumagens brancas e olhos negros voar em toda a sua majestade. O destino prega-nos cada partida, pensou.

- Voa Fernão! – riu-se, sempre quis dizer aquela frase.

1 comentário:

Everton Silva disse...

Muito bom Pedro!!
O destino é algo que não compreendo ainda!!Voce está indo por um caminho quando ele toma sua frente e fala: Opa!!Onde voce vai amiguinho?É então que muda sua direção!!