A questão é sempre o que acontece depois. Temos a nossa vida a correr normalmente, como sempre foi, na sua cadência natural e orgânica e, de um momento para o outro, dou por mim e decido que tenho de partir... seguir viagem. Aceito essa proposta e vou, deixo a nossa vida para trás, separados por um oceano. Quando dou por mim estou num mundo totalmente novo, onde tudo é diferente, um mundo que não era o meu, um mundo onde tive de me estabelecer, onde, por acaso, acabei por sentir-me em casa. Mas tudo isso implica mudar em relação à vida que estávamos habituados a ter. O café, onde íamos lanchar à tarde deixa de estar lá, assim como os empregados que já me conheciam e sabiam o que iria pedir. Informavam-me num tom triste que naquela tarde já tinham acabado os queques de chocolate – que só eles sabiam fazer – que tanto eram a minha perdição. Apercebi-me que tinha de encontrar um novo café para os meus lanches de fim de tarde. O que acontece, é que no momento em que regresso a esse mesmo café, a ligação que eu tinha com ele já não é a mesma. Os empregados mudaram e esses já não sabem o meu amor por aquele suculento queque de chocolate. E aquele empregado que ainda se mantém o mesmo agora olha-me como o forasteiro que voltou para pagar uma visita e isso faz com que me trate de uma forma diferente. Apercebo-me que ao voltar para o ponto de onde saí é o mesmo que voltar a um novo ponto de partida. O lugar não é o mesmo, pode ter a mesma cara, mas passado um ano o espírito evoluiu sem que eu estivesse cá para presenciar. Agora resta-me a mim voltar a adaptar-me de novo a tudo. Adaptar o novo eu aos novos eus que me rodeiam. E a questão é sempre... quando tomamos uma decisão de mudança o que acontece quando temos de voltar ao ponto de partida? O que vamos encontrar? Quem nos espera? Como nos esperam?
No tempo em que estamos fora as coisas mudam. E, se antigamente éramos actores principais, agora somos o actor que apareceu a meio da série e que ninguém sabe quem é, como é, e como vai influenciar a trama da história.
No tempo em que estamos fora as coisas mudam. E, se antigamente éramos actores principais, agora somos o actor que apareceu a meio da série e que ninguém sabe quem é, como é, e como vai influenciar a trama da história.
5 comentários:
meu querido, este é sem dúvida uma situacao no minimo constrangedora... O facto de estares a passar e auto-analisar ao mesmo tempo é extraordináriamente atipico.
nao me quero repetir, mas eu passei pelo mesmo, meu anjo, eu sei que nao ajuda em nada saberes isto... no entanto acho que se souberes que nao estas sozinho no mundo, ajuda.
Eu prometo que aprendo a fazer queques de chocolate quando voltar a Lx!!!!
Eu não me sinto em casa cá e lá também não. De certa forma, isso teve um lado positivo: antes preocupava-me mais com o que os outros pensavam de mim e, agora, sinto-me à vontade para ser totalmente doido em público dizendo-me "quero lá saber, eu nem vivo cá!" LOL
abraço
com o tempo voltaras a ser o actor principal. porque o "abandono" temporario é encarado com tristeza pelos outros, mas se voltamos é simplesmente pela importancia que o lugar tem, sendo essa atribuida pela força da presença desses todos outros.
e ja sabes, tens o meu voto, se desempenhares um bom papel.
Um bj
pedro,és o convidado especial a meio da série!!! é o previlégio de te termos ca novamente....!
mas sim, tudo muda, e por vezes esta tudo no mesmo sitio mas esta tudo tao diferente....sinto tanto isso kdo vou a casa dos meus pais!...
N acho atipico analisarmos as situaçoes pelas quais passamos. eu faço mto isso e perco-me mto tempo em blogs e a ler pq me faz pensar e por vezes ajudam-me.
Andam a convncer-me a criar um meu mas tenho preferido ir lendo de outros.
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