O APARTAMENTO 901

Fazer uma mudança dentro da própria mudança é sempre complicado! Não foi fácil chegar até Fortaleza. Todo o processo emocional e burocrático levaram muito tempo a processar. Não foi a decisão mais fácil. Muita coisa estava em jogo, mas era preciso ter um raciocínio frio perante o aquecimento global que vivia na sua vida. E depois de estar instalado outras mudanças iriam acontecer. Vivia num apartamento, no nono e último andar, onde o ritmo não parava. As pessoas que dividiam consigo o espaço eram de uma vivacidade que o deixou relaxado logo nos primeiros minutos. Tinha chegado até eles pelo número que trazia consigo. No apartamento 901 a vida era agradável. E, quando tudo parecia encaminhado, encontrou outros portugueses, largados ali na aventura de estudar num país longínquo das suas terras natais. E o convite da partilha do apartamento 1801 surgiu. Mudar ou não mudar? Eis a questão! No fundo estavam ali todos no mesmo pé, no mesmo barco, na mesma descoberta. Estaria pronto para mudar de novo quando tinha acabado de se mudar? O rodopio de mudanças ocupara a sua cabeça. E, numa tarde de calor, ficou decida a mudança para o 1801. Um prédio de dezoito andares situado a dois quarteirões da praia.

Na sua cabeça as coisas continuavam estranhas. Afinal, ele era uma pessoa que se adaptava bem a qualquer ambiente, contudo, precisava de um poiso certo para onde retornar. Em tempos achou que não; mas naquele dia descobriu que ainda havia muita coisa em si por definir. Os conceitos que achava saber não eram assim tão certos. Seria ele a pessoa que julgava ser? Ou tudo não passava de uma vontade de conviver mais um pouco com os habitantes do 901? Afinal foram eles que o receberam de braços abertos. Soube que iria ficar consigo um sentimento de tristeza em relação ao que poderia ter sido...

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