INVENTÁRIO MARÍTIMO por J.P. SIMÕES

“Os vermes, os gatos, os carros, os prédios, a espera, os pátios, os jogos, as lutas, os brutos, as pátrias, as sombras, os vultos, os estranhos, os mártires, os dias, as horas, as praças, os copos, os olhos, a íris, os beijos, a casa, a noite e os cacos, poemas e factos, os fados sem tema, o tempo quebrado, a dor, o dilema, no fundo do mar, no fundo do mar...

Ai, Lisboa, Lisboa, Lisboa! Lisboa no fundo do mar. Um dia, quem sabe, se homens se aves, alguém virá para te encontrar! Ruas abertas, desertas, cobertas por sombras azuis e corais. Num silêncio terno, eterno, imenso de fachadas desiguais. De náufragos dias, saudades de pedra... Quem te vir assim, esquecida no mar, irá procurar-te a vida. E se então sonhar... um tempo de amor... talvez pense em nós querida.”

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