A CONDIÇAO DE ESTAR SO

Estamos sempre sozinhos. É connosco e apenas connosco que podemos contar. E isto, apesar de parecer uma imagem aparentemente triste, é de uma grande força e energia. Começamos sempre por ser nós, pois simplesmente somos nós, carregamos o nosso corpo, a nossa alma, o nosso espírito. A nossa existência deve então dar início no amor que sentimos por nós mesmos, pois no final resumimo-nos a nós, quando tudo à volta desaparece, continuamos connosco. É preciso que nos amemos pelo que somos, pelo que fazemos, pelo que vivemos.

Duas pessoas podem juntar-se, unir-se, viver lado a lado, contudo, não podem misturar-se, ser uma só carne. Pois cada uma é uma só, eternamente individual em si mesma. Existe um valor primordial em relação à vida individual, pois é nela que habitamos, é ela a nossa casa. Viver implica estar sozinho. E essa solidão não deve ser encarada como negativa. Pois mesmo quando acompanhados, é connosco que nunca deixaremos de estar, quando tudo o mais nos deixar. O que nos rodeia são as mais valias da vida. São o que fazem o nosso eu experienciar-se na Terra. O que nos dará a noção de aqui e ali, de ontem, de hoje e de amanhã. O que nos rodeia é o que nos dá vida, o que nos faz ser um ser individual, único, apartado. Contudo, não somos aquilo que nos rodeia. Somos aquilo que existe no meio do que nos rodeia.

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