O LIMITE DO TEMPO

O ano novo tinha começado e só lhe restava ficar entregue aos bichos. Não tardaria muito até que regressasse a Lisboa, ao seu mundo, à sua vida. Mas o que seria agora o seu mundo? Tantas coisas aconteceram. Tudo estava diferente, mudado, triste, vazio. O que iria sentir quando abrisse de novo a porta de sua casa? A chave rodaria lentamente duas vezes na fechadura e no seu interior o silêncio esperava por si.

Questionou-se em relação às suas capacidades de aceitar esse facto. Não estava preparado para encarar essa realidade, muito menos sabendo que seria por tempo limitado, que de novo estaria de volta ao Brasil. E aí seria mais uma batalha, de novo a procura de casa, de estabilidade, de uma vida que, mais uma vez, teria o seu tempo contado.

Não tinha como fugir a esta segmentação do tempo. Era assim que a vida se fazia. Fazia-se por segundos, minutos, horas, dias, semanas, anos, décadas... viagens para aqui, para ali e tudo dentro do seu tempo, das suas limitações, da sua passagem. E cada segundo que passava parecia-lhe mentira. O tempo tinha-se esgotado.

1 comentário:

Anónimo disse...

É uma antevisão da realidade que terás de viver nos proximos tempos.
É a consequência das nossas opções e das nossas escolhas.
Agora há que enfentar com realismo as opções tomadas.

Um beijo grande, até dia 23
Pai