O PREÇO DA TRAIÇÃO SÃO TRINTA MOEDAS DE PRATA

Por vezes lemos coisas que preferíamos que nunca tivessem sido escritas. Naquela tarde as palavras foram brutas e cruéis. Por vezes também dizemos coisas que preferíamos nunca ter dito. Mas a nossa boca, às vezes, funciona mais rápido que a nossa mente. É difícil ler sem sentir. É difícil ouvir sem sentir. E naquela tarde tive de me segurar a tudo o que tinha para não tombar rua Garrett abaixo. O sol estava quente, o ar abafado e os meus pulmões tiveram dificuldade em respirar. É interessante pensar nas voltas que a vida dá através de pequenas escolhas e decisões. Um sim ou um não podem fazer toda a diferença. Um sim ou um não podem revelar os monstros cavernosos que existem dentro de nós. As chamas fervilham e apenas esperam o momento exacto para serem libertas. Poderão algum dia essas chamas desaparecer? Ou o passado manterá eternamente uma pequena brasa para nos avivar a memória de que a qualquer momento o fogo pode alastrar? Esquecer e perdoar não é uma coisa fácil. Viver sem o perdão é uma tortura. Sei que abri muitas feridas, que cravei fundo, que desiludi os mais nobres sentimentos e o amor nada me deve. E esta é a minha consciência do passado, a cama em que me deito. E, se para muitos, isto tornou-se caso para se sentirem melhores, para não se sentirem tão reles, peço que reflictam em todas as atitudes que tomaram ao longo da vida, em tudo o que receberam e não deram em troca. Pois se o preço da traição são trinta moedas de prata e o enforcamento, à morte não se tiram mais pontos do que a uma vida de penoso orgulho.

As ruas pareciam longas, infinitas, despidas... e o amor dos contos de fadas morreu!

2 comentários:

Anónimo disse...

Todos temos telhados de vidro mas todos nos achamos no direito de atirar pedras aos dos outros e n somos monstros por causa disso.
Só tu tens o direito de saber se podes perdoar ou n e de desdizer as coisas q foram ditas.
Se agiste a quente, volta atras.
Eu continuo a acreditar no amor dos contos de fadas, senao o q é q nos resta? Acredito, vivo-o e quero continuar a vive lo.
Uma linha de comboi tem sempre dois sentidos e dá para ir e voltar.

MIGUEL BASTOS disse...

Acabei por ler os dois primeiros textos, mas sinto que se não tivesse uma matriz bem activa à minha frente com janelas sem fim de ideias impostas e com prazos a cumprir...certamente que não abrandaria de ler. Parabéns. Identifico-me muito com a tua sensibilidade e ponto de vista e fuga.
Voltarei para continuar...
;)