E SE A SALLY BOWLES NÃO PINTASSE AS UNHAS DE VERDE? TER-SE-IA CLIFFORD BRADSHAW APAIXONADO POR ELA E VIVIDO UM TEMPO MARAVILHOSO?

E se... nada! Se tivesse ficado parado a assistir ao decorrer da vida? Se tivesse fechado os olhos quando os quis ter abertos? Se não tivesse comido aquele chocolate que tanto prazer lhe deu? Se tivesse ficado parado na prancha e não superasse o medo de saltar? Se tivesse recusado o primeiro encontro? Se não tivesse dito aquelas palavras? E se... e se... e se... poderia ele arrepender-se das coisas que não fez? Poderia ele sequer perder tempo a pensar onde estaria se tivesse virado à direita em vez de ter seguido em frente? E se tivesse efectivamente virado à direita? Onde estaria então? Provavelmente a pensar no que lhe teria acontecido se tivesse seguido em frente. Se pudesse alterar o passado, telo-ia feito? De que serviria? Ganhar um futuro diferente desejando alterar este também.

O passado e o futuro atormentam as pessoas. O que fizeram e o que farão. Quem foram e o que serão? E, no meio de tantos pensamentos, esquecem-se do presente. Do momento em que não foram nem serão mas são! Naquele momento, em que o passado e o futuro cruzavam a sua cabeça, perguntou-se a si mesmo se saberia quem era? Saberia ele que sentido tinha o presente? Ocorreu-lhe à memória as palavras de Sally Bowles a Clifford Bradshaw:

“- I think people are people, I really do, Cliff. Don't you? I don't think people should have to explain anything. For example, if I should paint my fingernails green, and it just so happens, I do paint them green, well, if anyone should ask me why, I say, "I think it's pretty!" ("I think it's pretty," I reply). So if anyone should ask about you and me, you have two alternatives: you can either say, "Oh yes, it's true. We're living in delicious sin." Or you can simply tell the truth, and say, "I met this perfectly marvelous girl, in this perfectly wonderful place, as I lifted a glass to the start of a marvelous year. Before I knew it she called on the phone inviting. Next moment I was no longer alone, but sat reciting some perfectly beautiful verse, in my charming American style, how I dazzled her senses was truly no less than a crime. Now I've this perfectly marvelous girl, in my perfectly beautiful room and we're living together and having a marvelous time.”

From: Cabaret

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