ÓDIO

O que ele mais odiava nas pessoas era a burrice. Disso estava certo. Podiam-lhe interromper o discurso, argumentando a existência de outras coisas (egoísmo, ganância, falsidade, má educação, mentira...), que ele mantinha a mesma opinião. Odiava pessoas burras e isso era um facto. É claro que as outras coisas também mereciam a sua atenção na avaliação, mas que as pessoas burras lhe faziam confusão... faziam! Ele dizia isto porque associadas à burrice vinham sempre outras características que o incomodavam.

Chegara também à conclusão que empregar a palavra odiar era forte demais. Odiar e amar eram conceitos demasiado extremistas para se dar ao luxo de lá chegar. “Que se lixe”, pensou, “se tiver de ser extremista ao ponto de dizer odiar, serei! Elas mexem-me com o sistema. Que posso eu fazer?”

Ele tinha consciência do abuso da palavra ódio. E sabia também que, muitas das vezes em que a empregara, não era o que realmente sentia. A palavra é sempre diferente do sentimento. É difícil sentir as palavras e mais difícil ainda é transformar os sentimentos em palavras. Sentir ódio era doloroso demais. Sentir ódio era sacrificar o bem estar pessoal. Sentir ódio era massacrar a alma. Sentir ódio era destruir a mente. Conseguir amar... aí estava o problema. Era sempre mais fácil aproximar-se do ódio que do amor. Mas quando amava a terra tremia. Sentir amor era maravilhoso. Sentir amor era aumentar o bem estar pessoal. Sentir amor era alimentar a alma. Sentir amor era evoluir a mente. Sentir amor... era bom!

Agora, se lhe perguntassem o que mais apreciava numa pessoa, ele não saberia responder.

1 comentário:

Thinker disse...

Muito interessante sem dúvida esta visão entre o ódio e o amor, entre o ser e a confiança... Pessoas...!!! ****** Abraço, Nuno :)