A MORTE DE LOURENÇO

O dia lá fora estava pesado. Mais pesado do que os outros dias. Pesado. E o silêncio era a única coisa que queria ouvir. A chuva incomodava-lhe os pensamentos. Morrera. Estava morto. Haveria, porventura, salvação para o que morria? E para o que ficava? Pare ele que chorava a morte de Lourenço. Para ele que nunca mais o iria ver. Para ele que teria de continuar a viver. Viver e não morrer. Mais um dia. Mais um adeus. Durante quanto tempo mais iria suportar dizer adeus? Nada é eterno. Tudo é efémero. E isso deixava-o desconfortável. Quantos mais adeus iria dizer?

1 comentário:

Thinker disse...

Nem sempre estamos preparados para dizer adeus às coisas, aos espaços,... a tudo o que nos rodeia no dia a dia... e então às pessoas ainda custa mais dizer adeus...Mas o dizer adeus na vida é uma constante da partida, da separação,... da morte! Preparados nunca estamos! Porque não fomos educados para dizer adeus, apenas para viver e construir uma vivência com as coisas que usamos, que temos, que nos são especiais... e com as pessoas, as que amamos e que nos tocam de tantas formas no nosso interior.. somos seres de sensações... Mas é isto a vida! E faz parte dela saber dizer um último adeus... Mais faz parte dela saber construir a cada momento, um instante mais especial, para que essa despedida se acontecer agora, hoje, amanhã ou em qualquer outro dia, seja sempre um momento de glória, uma página que virou no nosso livro da vida, uma memória de fascínio....

Bonita esta tua escrita :)

Haverão outros Lourenços, diferentes, mas outros existiram :)

Abraço amigo :)