“[...] A outra coisa que me dou conta tem que ver com o que se passa lá fora: populares a festejarem de antemão a derrota da Mourama em África. Muda o vento e o jardim é invadido pelo cheiro a sardinhas assadas. Com um misto de pena e alívio, trancorporalizo-me de novo.”
Frederico Lourenço in A Formosa Pintura do Mundo
Leu as últimas frases do livro “A Formosa Pintura do Mundo” e desejou que este não acabasse. Não ali. Não naquele momento. A noite parecer-lhe-ia uma tão doce tristeza sem aquelas palavras. Mas ao seu lado já olhava para si “A Máquina do Arcanjo”, também de Frederico Lourenço, pronto a ser aberto e atacado. Existia salvação possível para uma noite tão quente. E logo os seus dedos tocaram a capa e abriram o livro para que novas palavras se prostrassem à sua frente.
Frederico Lourenço surgiu na sua vida em tom de conversa no café. E nada mais era, para si, do que um nome solto nos muitos nomes que lhe foram injectados nessa mesma noite. Mas quando esbarrou contra a capa azulada de “Pode um desejo imenso” soube que não iria parar. As palavras entraram em si como água e deslizaram para a sua alma como um néctar dos deuses. Uma lufada de ar fresco no panorama literário português. Pois a leitura era algo da qual não prescindia. E seguidamente devorou “O curso das estrelas” e “À beira do mundo”. As horas pareciam não ter calma para que pudesse apreciar com precisão mais um pouco daquelas sequências de letras plenamente amestradas em palavras e frases orgânicas, ritmadas, compulsivas, desejosas, snobs, envolventes, cortantes, simples, belas... e a noite tendia a acabar. Mas ele não deixou que isso acontecesse sem que lê-se “Amar não acaba”. E agora só lhe restava mais um... e quando esse acabasse quanto tempo mais iria esperar...
“Quando, no final da adolescência, a necessidade de passar da teoria à prática em questões sexuais começou a tornar-se premente, dei-me conta de que ser activo ao mesmo tempo nas esferas da música e do sexo causava um entrechoque com efeitos de anulação recíproca para ambas as coisas. Em termos de vivência prática, sexo e música eram, no meu caso, incompatíveis [...]”
Frederico Lourenço in A Máquina do Arcanjo
Frederico Lourenço in A Formosa Pintura do Mundo
Leu as últimas frases do livro “A Formosa Pintura do Mundo” e desejou que este não acabasse. Não ali. Não naquele momento. A noite parecer-lhe-ia uma tão doce tristeza sem aquelas palavras. Mas ao seu lado já olhava para si “A Máquina do Arcanjo”, também de Frederico Lourenço, pronto a ser aberto e atacado. Existia salvação possível para uma noite tão quente. E logo os seus dedos tocaram a capa e abriram o livro para que novas palavras se prostrassem à sua frente.
Frederico Lourenço surgiu na sua vida em tom de conversa no café. E nada mais era, para si, do que um nome solto nos muitos nomes que lhe foram injectados nessa mesma noite. Mas quando esbarrou contra a capa azulada de “Pode um desejo imenso” soube que não iria parar. As palavras entraram em si como água e deslizaram para a sua alma como um néctar dos deuses. Uma lufada de ar fresco no panorama literário português. Pois a leitura era algo da qual não prescindia. E seguidamente devorou “O curso das estrelas” e “À beira do mundo”. As horas pareciam não ter calma para que pudesse apreciar com precisão mais um pouco daquelas sequências de letras plenamente amestradas em palavras e frases orgânicas, ritmadas, compulsivas, desejosas, snobs, envolventes, cortantes, simples, belas... e a noite tendia a acabar. Mas ele não deixou que isso acontecesse sem que lê-se “Amar não acaba”. E agora só lhe restava mais um... e quando esse acabasse quanto tempo mais iria esperar...
“Quando, no final da adolescência, a necessidade de passar da teoria à prática em questões sexuais começou a tornar-se premente, dei-me conta de que ser activo ao mesmo tempo nas esferas da música e do sexo causava um entrechoque com efeitos de anulação recíproca para ambas as coisas. Em termos de vivência prática, sexo e música eram, no meu caso, incompatíveis [...]”
Frederico Lourenço in A Máquina do Arcanjo
1 comentário:
De Frederico Lourenço conheci recentemente "Actéon em Sintra"...um livro que nem livro se pode chamar porque é mais um texto ou antes uma crónica... talvez isso... Uma pequena crónica...
E começa assim: "O intercomunicador, até ai avesso a qualquer sinal de vida, emitiu subitamente uma ordem: - Indentifique-se."
Acho que nos dias de hoje se está a perder a identificação das coisas... acho que tudo se tornou fácil demais, e apenas poucos, muito poucos, conseguem agarrar as palavras e saber trabalhá-las... Este livro transportou-me para uma identificação. Estas partes do que falas nos teus transportam-me para a curiosidade de conhecer, o desafio de desvendar... Procurarei explorar mais este Autor... Já me começou a fazer pensar.
Bonita homenagem que aqui expressas! Continua a desafiar-te através do curso das estrelas... :)
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