REALIDADE VIRTUAL

- Nós só vemos aquilo que queremos ver – dizia para si. Tinha de manter essa ideia presente. Concentrar-se na verdade de que a realidade era um mero espaço desconhecido em que se concentravam imagens pré-fabricadas pela sua mente. Estaria livre para pensar de outra forma? Estaria apto à desfragmentação desses objectos em prol de um vislumbre da sua transparente exactidão? E, afinal, em que consistia essa exactidão? Indagar pelo aglomerado de moléculas não lhe parecia o mais viável. Isso levaria a uma apreciação fria das coisas.

Mas onde estava então a verdadeira consistência das coisas, das pessoas, dos espaços se não na sua mente? E porque não deixar-se levar pelo que efectivamente queria ver? Mas sabia ser, para si, errada essa forma de encarar o mundo. Ele carecia ver mais para além dos seus olhos. Mais para além daquilo que se lhe postava à frente. O íntimo, o profundo, o privado, o âmago das coisas. Só assim se sentiria completo.

Perfurar as entranhas da vida. Realizar-se dos componentes que ligam as coisas. Mas sabia ser uma batalha injusta. Pois, efectivamente, só ele poderia chegar a conclusões. Sozinho teria de realizar essa formatação ao olhar, ao tacto, à audição, ao paladar e ao olfacto. Só ele. Mais ninguém.

2 comentários:

Thinker disse...

mais .... teria que transcender essa realidade humana e atingir a espiritual ... só nessa se conhece a verdade escondida.... :)

Paulo disse...

A verdade escondida.....