TODOS SOMOS POTENCIALMENTE OPTIMISTAS

Acordou, abriu os olhos e tudo estava silencioso. O conforto da ausência de ruídos era majestoso aos seus ouvidos. Era a paz mascarada de sossego. Respirou desse ar por instantes enquanto afagava o pelo ao gato branco. A meia luz que entrava pela janela refrescava-lhe os olhos ainda doridos de noites mal dormidas. Tomou o seu banho relaxado e deu-se à liberdade de andar nu pela casa. Sentia-se livre e o seu corpo dançava num bailado ao som de uma música que deixou a tocar.

Mais tarde, compôs-se e saiu porta fora. Depois da água, necessitava banhar o seu corpo em límpidos raios de sol. Na explanada do café tomou, sossegadamente, o seu refresco e lançou-se à leitura de uma revista, que tinha comprado numa papelaria juntamente com o maço de tabaco.

Acendeu um cigarro e ali ficou. Houve um artigo que o chamou mais à atenção do que os outros: “O poder do optimismo”. Achava-se uma pessoa optimista. Em alturas, optimista demais. E em grandes voos, por vezes, vinham grandes quedas. Mas isso não o assustava pois, associadas às grandes quedas, vinham grandes aprendizagens. No artigo, apercebeu-se que a filosofia do pessimismo ganhou forma no Renascimento, depois do Gótico e antes do Barroco. Teria a escuridão do gótico e a sua imponência diminuído as pessoas? As pessoas temem o desconhecido, o ausente, o imaginado.

“A noção de que um optimista é uma pessoa algo ingénua ou até pouco inteligente é baseada na influência dos filósofos europeus dos séculos XVI ao XIX. No entanto, pesquisas científicas feitas nos últimos dez anos têm demonstrado que as pessoas optimistas não são ingénuas, mas sim realistas, porque olham sempre para a questão no seu conjunto, acabando por dar mais peso ao lado positivo. Já os pessimistas não, focam-se logo no negativo. Outra coisa que também ficou demonstrada é que são mais persistentes. Um optimista esforça-se mais por resolver o problema do que o pessimista, porque tem mais confiança no seu poder e na sua força de vontade.” O artigo terminava com um texto muito interessante de João d’Alcaravela, “O optimismo é essencial e o pessimismo acidental. O primeiro é responsabilidade assumida e o segundo é abdicação. Mas uma pessoa nunca é totalmente só uma coisa, por isso, temos de ter a visão e a aspiração de que todos somos potencialmente optimistas. Trata-se de optimizar o que já temos”.

Quando acabou de ler o artigo, folheou mais algumas páginas, pagou o refresco e voltou para casa. Saboreou o caminho até ao último instante e, antes de entrar na porta do prédio, olhou para o céu e deixou mais alguns raios de sol penetrar na sua pele. Sorriu.

1 comentário:

Thinker disse...

É imoportante construir o optimismo dentro de nós, assumir uma força invisível de movimento, mas com resultado visível. E vale a pena sorrir, sempre! :)